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O fim político de Sérgio Moro: uma análise de Lázaro Piunti

Por Lázaro Piunti, escritor ituano

Publicado em 15/12/2023 às 10:51

Escritor ituano Lázaro Piunti (Foto: Internet)

A carreira política do ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, parece ter atingido seu epílogo. O escritor ituano Lázaro Piunti, em sua análise contundente, aponta a cassação iminente do mandato do senador como um desfecho palpável, com probabilidades de escape reduzidas a míseros 1%.

Sérgio Moro emergiu como uma figura de renome internacional ao presidir o notório processo da Operação Lava Jato. Seu momento de maior visibilidade ocorreu em 2017, quando condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-o inelegível e influenciando o cenário político brasileiro. A vitória de Jair Bolsonaro em 2018, por sua vez, marcou uma guinada na trajetória de Moro, que aceitou o convite do presidente eleito para assumir o Ministério da Justiça em 1º de janeiro de 2019.

No entanto, a atitude de Moro ao aceitar o cargo ministerial trouxe consigo uma nuvem de desconfiança, especialmente entre a parcela pensante da sociedade. A renúncia à posição de juiz e a transição para a esfera política foram vistas como indicativos de um possível viés político em suas decisões judiciais, o que gerou desapontamento entre aqueles que o viam como um agente imparcial.

O relacionamento conturbado com o presidente Bolsonaro culminou em sua demissão em 24 de abril de 2020, um episódio marcado pela peculiaridade de Moro ter anunciado sua renúncia na TV Globo antes de comunicar o presidente, um gesto interpretado por muitos como deslealdade.

As contradições de Moro se acumularam ao longo do tempo, destacando-se o caso envolvendo o então Ministro Chefe da Casa Civil, Ônyx Lorenzoni, acusado de receber ajuda ilegal para sua campanha. Moro, que outrora havia demonstrado confiança em Lorenzoni, viu-se envolto em mais uma polêmica ao mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo, ter o registro cancelado pela justiça e, posteriormente, desistir de uma candidatura presidencial para concorrer ao Senado.

O gesto de Moro foi considerado uma traição ao senador paranaense Álvaro Dias, que o havia apoiado e aberto portas para sua incursão na política. No Senado, Moro se elegeu com 33%, derrotando o candidato bolsonarista e seu antigo aliado Álvaro Dias.

Atualmente, Sérgio Moro encontra-se em uma posição delicada. Rompido com Bolsonaro e distante de Álvaro Dias, o senador age de forma sinuosa, com indícios de ter votado em Flávio Dino, indicado pelo ex-presidente Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, a votação é secreta, adicionando uma camada de mistério à sua postura política.

O ponto crítico da carreira de Moro chega com a ameaça de cassação. A Procuradoria da Justiça Eleitoral do Paraná busca cassar seu mandato sob a acusação de abuso do poder econômico na campanha, alegando que os gastos superaram o limite legal. Moro nega as acusações, mas a decisão se avizinha, tornando o cenário político no Senado ainda mais incerto para o ex-juiz.

Em sua análise, Lázaro Piunti pinta um quadro complexo e repleto de contradições na trajetória de Sérgio Moro, um personagem que foi de celebridade internacional a alvo de questionamentos e desconfiança. O fim político de Moro parece iminente, e a cassação do mandato pode selar de vez o destino de um homem que já ocupou o centro do palco político brasileiro. Resta aguardar os desdobramentos dessa trama intrigante e, por vezes, desconcertante.

Contato do autor: ljpiuntiescritor@uol.com.br

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